quarta-feira, 21 de julho de 2010

Um contador de histórias

Pergunta-me porque escrevo. Não sei bem, é uma voz interna que fica me dizendo que a hora é agora. Chega de passar todos esses anos, de pensar nas coisas e nem chegar a fazer. Deve ser a voz de meus pais, avós, as pessoas que partilharam a vida comigo, que de alguma forma me tocaram com sua alegria, amor, ciúmes, angústia, ira. Tudo conta. Tudo é uma pequena parte da soma que é a nossa vida. Somos também um pedaço da vida de tantos. Procuro sempre ser parte da alegria, do amor. Com certeza nem sempre acertei. Difícil ser perfeito ou quase.
Temos que viver com o todo que somos. Alegrarmo-nos com o que é bom, sentir o que não é. Usar os erros para aprender ser um pouco melhor na próxima vez que está logo ali adiante para nos testar.
Não adianta olhar pra trás, é seguir em frente e fazer o melhor do que em nossos caminhos se apresenta.
Muito tempo perdi, só pensando no que seria, porque não foi. Pensava muito, escrevia nada. As palavras fugiam da angústia e irritação que reinavam.
Acho que o tempo nos ensina ser paciente. A calma que hoje domina meus pensamentos deixa que as palavras se escrevam, que me conduzam, que me tornem mais um contador de histórias. Só que estas são todas minhas. Não me importo em dividi-las.

domingo, 18 de julho de 2010

Calmaria


O monótono tom do velho sino da igreja distante me despertou. Seu timbre ecoava na distancia e corria o ar do vale lembrando a seus fieis a hora de suas orações.
A manhã era fria e uma névoa pairava penetrada pela luz do dia que custava a trazer o sol. Algumas pessoas andavam pelas tortuosas ruas da cidade, seus passos indicando o caminho da igreja onde poucos fiéis já se aglomeravam esperando a silenciosa chamada para o serviço a começar.
A calma pairava no vale, nesta manhã de domingo.
No campo, rebanhos preguiçosos se estendiam na distancia, mastigando a grama molhada pelo orvalho da noite anterior.
A calmaria é apenas incomodada por um eventual veículo que passa em direção do mundo além das colinas que tanto protegem a paz deste lugar.
Fico à janela do velho casarão, agradecido pela chance de poder sentir a tranquilidade deste canto do interior de minha imaginação, que consegue me desligar dos aborrecimentos e atribulações da vida moderna, brutais com nossos sentidos.