sábado, 10 de julho de 2010

Um carnaval que passou

Não vai dar pra mim. Ficar nesta vida sofrida sem uma palavra, que me embale, que me acalente e me encha de amor.  
Eu fico, nas noites da vida esperando a chegada, daquela que vai me alegrar, me encher de paixão.
A vida segue enfim, sem uma concreta razão do que é seu amor. Palavras que somem no ar parecendo fumaça, de um cigarro mal fumado jogado no chão.
Lembro-me então de você, dançando, cantando, esbanjando alegria, negando pra mim a sua companhia, fingindo não saber quem eu sou.
Sozinho eu fico a vagar, e vou pelas ruas escuras nesta madrugada, com a fantasia rasgada no último bloco, molhado da chuva que cai e gela o meu coração.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

A morte do escriba

Era uma vez, numa terra distante, em um mundo qualquer. O escriba trilhava suas linhas, falando da vida, da sorte, do amor. As palavras fluíam de seus pensamentos e enchiam as páginas dos livros que tanto deleitavam o povo. A escrita era seu alimento.
Ele era uma pessoa saudável, forte e gorducha, de bochechas rosadas e sempre alegre e sorrindo ia escrevendo suas palavras.
O tempo foi passando, novas gerações nascendo e o homem aos poucos envelhecendo.
Notou-se que a cada geração, mais magro ia ficando, sem saber-se a razão do porque assim acontecia.  Seria a idade, seria doença?
Os anos se passavam e o pobre homem aos poucos definhava. Já não escrevia tanto, seus livros empilhavam. A cada geração que passava, ele tinha menos leitores. As tentações da vida moderna, a comunicação condensada, siglas em vez de palavras, a cada geração as palavras encurtadas, o que ele escrevia já não dava pra nada.
Um dia o encontraram rosto caído sobre o papel, pena na mão e poucas palavras escritas, que diziam –Toda minha vida me alimentei das suas leituras. O tempo foi levando meus leitores aos poucos. Já não me alimento mais, pois ninguém quer saber de ler. Aqui minhas últimas palavras, esqueceram do saber.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Algumas palavras

Nada acontece de véspera. Mesmo em relacionamentos insólitos, há momentos brilhantes e incomuns que alimentam a paixão. Mas como todos os insólitos, um dia se desfazem e viram memórias, contos do passado.


O interessante em nossas vidas é o acúmulo de experiências que nos faz o que somos hoje.


A distância entre duas pessoas não precisa ser mais que um milímetro para ser infinita.

domingo, 4 de julho de 2010

A complexa razão de viver

Dou-te a chance de me conhecer. Não como em uma fotografia, mas como um raio-X do meu ser.
Abro meu peito sem medo. Exponho meu coração aberto, te mostro minha emoção.
O amor que a distância permite, que hoje ainda existe, chora por atenção.
Não basta uma palavra, não importa um consolo, não interessa explicação.
Sorria, chore, brinque com meus sentimentos, ouve meus lamentos, sente a minha paixão.
Não me importa que não dê em nada. O tempo não conta as perdas, só a lembrança recorda o que passou.
Um dia, no apagar das luzes, as imagens que quero ver são os momentos que amei, vivi e senti, antes que a vida cuide de tudo destruir.