sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Julia - 5ª Parte - Final

Decisão.

Julia ficou sentada à janela envolvida em seus pensamentos por um longo tempo, distante, melancólica.
Estava escurecendo e ela sentiu o frio na pele. Fechou a janela e sentiu novamente o calor do aquecimento central, aquecendo-a.
William estava deitado na cama, nu, com os olhos fechados. Ele não dormia. Provavelmente revisando seus pensamentos, assim como ela o fazia há pouco, à janela.
Ela relembrou cada instante dos momentos de amor que fizeram na noite anterior e como tinha sido formidável. Ela tinha amado como nunca em sua vida. Tão intrigante, com um homem que ela mal conhecia, agora tão íntimo. Ela se apaixonou, sem conseguir se conter.
Ela levantou-se, tirou a camisa e foi para a cama.
Julia beijou William e seus olhos se abriram. Ele olhou fundo naqueles olhos azul esverdeados. Eles estavam cheios de lágrimas. Eles se beijaram novamente. Abraçaram-se e se tocaram com intensa paixão. Ela se virou de costas para ele e começou a acariciá-lo com seu corpo se movendo contra o dele, se tocando completamente.
Eles estavam ficando extremamente excitados novamente e ela conseguia senti-lo.
Ela continuou movendo seu corpo, de costas, contra o dele, encorajando-o.
Ela o queria de uma forma que nunca havia ousado antes. Eles tinham que ter uma primeira vez de alguma forma. Ela se sentia totalmente relaxada e excitada. Ela continuou seus movimentos até eles conseguirem chegar ao que ela desejava e sem desconforto algum ela o recebeu completamente. Era uma sensação ótima e inesperada e ela logo chegou a clímax após clímax. Recebendo-o desta nova forma levou-a a um nível maior de excitação e desejo. Ela movia seu corpo avidamente acompanhando os movimentos dele. Suas costas arqueavam, seu colo empinava para frente e ela se movia em ondas de prazer. As mãos dele acariciavam seus seios e lentamente desceram até seu ventre ela foi tocada tão intimamente, apressando a explosão orgástica que fez ambos tremerem e se completarem juntos.
Ela inclinou-se para trás e, com um suspiro, repousou nos braços do amado.
Era um momento que ela queria guardar consigo, para sempre.
Eles caíram em um sono profundo.
Era manhã quando ele acordou. O sol entrava pela janela, iluminando o quarto. Ele se moveu para o lado para alcançar Julia, mas ela não estava na cama. – Provavelmente tomando banho, ele pensou. Logo se levantou e foi em direção do banheiro. Estava vazio. Ele voltou correndo para o quarto e notou que a bolsa dela não estava lá. Julia tinha ido embora.
Ele sentou em sua cama e chorou.
Julia tinha partido e ele tinha o pressentimento de que ela não voltaria.
Ele tinha a sexta-feira de folga. Ficou o fim de semana todo sozinho, em sua cama. O perfume dela estava em tudo. Seu coração estava doendo e não havia nada que ele pudesse fazer a respeito.

Semanas se passaram, ele se entregou ao seu trabalho com afinco, tentando esquecer os acontecimentos. Desistiu dos passeios de sábados, apenas trabalhava e ia para casa. Parte de sua vontade tinha-se ido. A tristeza que ele sentia era como se parte dele tivesse morrido. E ele achava que sim. E tinha.
Um dia, chegando a casa, havia um homem em pé à porta do prédio. Ao se aproximar o homem veio ao seu encontro e perguntou: - O Sr é William? No que concordei e então ele me entregou um envelope dizendo: - Isto é para o senhor, tenha uma boa noite. E com cumprimento de cabeça, foi para um carro estacionado perto da esquina e foi embora.
Ele olhou para aquele envelope com certa ansiedade. Decidindo abri-lo somente em casa, correu escada acima, chegou a casa, correu para o quarto da frente, sentou-se numa das cadeiras, ligou o abajur e com as mãos tremendo abriu o envelope. Havia um cartão postal dentro. O cartão tinha a imagem de uma cafeteria de esquina, no Soho.
Na parte de trás estava escrito: “Eu não espero que você compreenda minhas decisões. Estou fazendo o que precisa ser feito. Só guarde em sua mente que eu não mais serei capaz de amar alguém como eu amo você, jamais.
Julia.”

Nunca mais soube dela. A vida continuou. Somente depois de muito tempo consegui superar o sentimento de perda deixado pelos acontecimentos. Eventualmente comecei a namorar novamente. Alguns anos mais tarde, me casei, tive filhos, me divorciei. Fui pulando de um relacionamento para outro. Amei e fui amado. Nenhum sentimento tido em minha vida conseguiu chegar perto dos sentimentos guardados do que aconteceu naquele pequeno apartamento, em apenas dois dias, dois imensos dias.
Nunca consegui apagar de minha mente a imagem de Julia, sentada à janela, pensativa, absorta.
Eu acredito no que ela disse no cartão.
Agora, já tantos anos passados, um segredo que guardo dentro do meu coração é o amor que senti por ela todos esses anos e que não se dissipou.
Levarei comigo até o fim, silenciosamente.



Fim.

domingo, 12 de setembro de 2010

Julia - 4ª Parte

Amando.

O banheiro era pequeno, mas bem arrumado. Havia uma banheira, na qual foi adaptado um chuveiro. Nem sempre se tem paciência de encher a banheira para um banho, especialmente pela manhã, quando se está atrasado para o trabalho.
A água estava morna e agradável. Seus pensamentos estavam- lhe enlouquecendo. Jamais poderia imaginar essa sequência de acontecimentos e ele estava feliz.
A porta do banheiro abriu.
Julia entrou e foi para a banheira, colocou o indicador sobre os lábios dele em sinal de silêncio e o beijou. Foi um beijo apaixonado, faminto, doce e duradouro. Seus lábios estavam mornos, macios e suaves. As mãos de ambos acariciavam seus corpos avidamente. A pele macia de Julia tremia com a emoção do momento.
Eles se abaixaram na banheira; ele desligou o chuveiro e deixou que a torneira a enchesse.
Eles continuaram se abraçando, se aproximando mais, deixando que a intimidade de seus corpos completasse seus desejos.
Eles se amaram suavemente no começo e a elevação de suas excitações os levou a ondas de erupções amorosas culminando com um forte, contínuo e intenso orgasmo que durou por um bom tempo até que eles sucumbissem um nos braços do outro.
Ela se virou de costas e descansou sua cabeça nos ombros dele, que estavam para fora do nível da água e ficaram assim, entrelaçados por um bom tempo, sentindo o pulsar de seus corações.
Eles se secaram com as toalhas de banho e foram para a cama nus e acabaram adormecendo abraçados.
Já amanhecia quando William acordou. Julia ainda dormia. Levantou-se, tomou um banho rápido e começou a preparar o café. Quando Julia acordou, veio à cozinha beijou-o e disse que iria tomar um banho. Quando ela saiu do banheiro, um belo café da manhã a esperava. Conversaram e comeram alguns dos pães, queijos e geleia que tinham vindo na cesta e se fartaram, repondo as energias gastas.
Após o desjejum Julia o ajudou a limpar os utensílios usados e, com um olhar cúmplice, voltaram para a cama. Deitaram abraçados, se tocando, acariciando e poucas palavras trocadas. Eles não as precisavam. Só em se olharem deixavam que os sentimentos amorosos falassem por eles. Cochilaram por um tempo.
Mais tarde Julia deu a ideia de fazer o lanche de Thanksgiving ali mesmo onde estavam. Trouxeram a cesta para o quarto da frente e Julia retirou uma toalha de dentro dela e cobriu o tapete, preparando tudo como em um pick-nick. As plantas na mesinha perto da janela completavam o ambiente. Só faltava o céu aberto para se tornar real.
Comeram e beberam um delicioso vinho, o peru defumado estava delicioso e brincaram um com o outro. Tinham colocado o salmão defumado na geladeira, na noite anterior e decidiram deixá-lo para outra hora. Havia comida o suficiente para agora.
Existem alguns momentos tão especiais na vida que deveria existir alguma forma de congelá-los e guardá-los. São momentos excepcionais, de amor no seu melhor instante. Manter-se-ia este momento em uma caixinha a qual pudéssemos abrir e sentir a grandiosidade dos sentimentos ali guardados, a qualquer momento da vida. Era assim que eles se sentiam naquele instante.
Julia estava feliz, William estava feliz.
Eles formavam um lindo par.
No fundo da mente dele, no entanto, uma pergunta permanecia: “Por quanto tempo aquela felicidade duraria?” Pelo que sentiam agora, poderia ser para sempre.
O aquecimento central permitia que seus corpos nus se mantivessem aquecidos. Julia se levantou, foi à janela e abriu uma fresta. O ar frio do fim da tarde entrou se misturando ao ar quente do apartamento. Julia olhou para William, pegou a camiseta que ele vestira no dia anterior e num gesto de intimidade, vestiu-a e sentou-se à janela, com uma expressão facial que quem está com o pensamento distante. O que poderia ela estar pensando?


Continua...