segunda-feira, 9 de maio de 2011

Ode a um nobre homem caído


Na verdade, quando a poeira baixa, vem o tempo de relembrar os valores por ele passados. O carinho calado, a atenção escondida, o amor que ele sempre teve por todos em volta. 
Relembrar é bom, fortalece nossas almas e nos dá propósito de vida, especialmente por alguém que viveu mais que a gente. Muitas vezes, no calor da luta pelo dia a dia, deixamos de valorizar nossos entes queridos. Quando eles se vão é que notamos o tamanho do espaço que eles sempre ocuparam em nossos corações, quietos, sem chamar atenção. É bom relembrar, é bom amar, mesmo escondido e calado, como muitas vezes nossos pais fizeram.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Segredos enterrados


Porque vivemos na vida, nos enganando, a razão afastando, a paixão escondendo, o medo do não. Vivendo arrasados, escondendo frustrado o amor do coração. Sofrimento isolado, segredos enterrados, sem mapa, sem marcação. Resta apenas o delírio dos sonhos, inquietos sonos, mal dormidos, eróticos, enamorados, ressabiados, fugindo correndo da rejeição. Resolvemos sem perguntar que o fardo que carregamos é muito pra dividir. Nos autocensuramos, aprisionamos, isolamos, todos afastamos, guardados, escondidos, tola proteção. Seguimos na vida sozinhos, cercados de gente, levando conosco a lembrança dos segredos enterrados, que só nós sabemos quais são.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Delírio


E ela vem, caminhando suave, flutuando pelo chão do parque, toda ternura, beleza simples, encanto que a vida lhe deu.
Eu, quieto observo o momento, com muita aflição, cheio de tesão, afogado na paixão dos meus pensamentos, a deixo passar, sem nem interpelar, satisfeito apenas em saber que ela existe, de tê-la presa em meus sonhos, de onde não a deixo escapar.
Fica no ar o seu perfume, que me leva à infinita prisão de meus pensamentos, onde ela presa sorri para mim, o prisioneiro sou eu.
Ela vai embora contente, sempre sorridente, talvez ao encontro de braços amados à sua espera, ardentes, cheios de desejos que não são os meus.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Veneza - 2ª Parte - Final?

Bond, James Bond.

Aquele convite era irrecusável, portanto me deixei levar pela garota sexy. Ela me disse que seu nome era Nina. O pai dela a tinha mandado para a casa de Pippo, um antigo amigo e parceiro de negócios.
Quando chegamos à residência, um dos prédios de frente para o Grande Canal, um homem enorme nos recebeu ao portão. Nina o cumprimentou alegremente. Ela me levou para dentro da casa, no segundo andar.
-Ciao Pippo! Ela disse para o elegante senhor, de cabelos brancos, recostado ao balcão da sala de estar.
-Ciao Nina! Ele respondeu.
-Que é o rapaz? Ele perguntou.
-Ah, um rapaz muito bom que conheci hoje. Ela comentou.
-Tudo bem. Ele se importaria se os rapazes, pela segurança, o revistassem? Devemos sempre ser cautelosos, ele disse.
-Não creio que ele irá se importar. Ela replicou e virando-se para mim perguntou. – Você se importa?
-De forma alguma, respondi. Como se tivesse escolha.
Dois homens maiores ainda que o do portão vieram ao meu encontro e me revistaram sob o olhar atento de Pippo. Foi uma sensação muito estranha.
Após eles me liberarem, ela me levou por um corredor para uma sala mais isolada, cheia de sofás e nos acomodamos num em frente à janela que dava para o pequeno balcão com uma vista do Canal. Ela sentou-se de lado e me enlaçou com suas pernas. Seu vestido justo subiu completamente. Pelo jeito, ela não acreditava em usar calcinhas. Era uma visão inesquecível.
Começamos a conversar. Eu a perguntei o que tinha sido tudo aquilo na outra sala. Ela riu e disse:
- Não se preocupe. Pippo é um pouco paranoico no respeito à segurança. Ele é um negociante de armas grego e tem alguns inimigos. Ele e Johan, meu pai, são sócios em algumas negociações com os Russos e algumas pessoas na Ásia. Minha mãe morreu alguns anos atrás e meu pai se tornou extremamente protetor meu. Ele tem contatos de negócios com os russos e vai sempre lá para o Pippo. Mas isso tudo não é importante, você é. E dizendo isso, puxou o vestido pra cima e ficou totalmente nua à minha frente, recostada no sofá, suas pernas ainda em volta da minha cintura. Ela me puxou para si.
O que eu podia fazer? Havia um negociante de armas com enormes capangas na outra sala, uma garota nua à minha frente, gritando por sexo, cujo pai tinha negócios com a Máfia Russa. Acho que hoje eu tinha conhecido uma das garotas do James Bond. Ela era quente e perigosa.
Nós fizemos amor, um ótimo e excitante amor. O sentido de perigo que tudo trazia tinha elevado minha adrenalina a um ponto máximo.
Mais tarde continuamos a conversa. Eu a perguntei por que o seu pai a tinha mandado para Veneza. Ela me contou que tinha feito alguns escândalos na sociedade de Oslo, culpa de alguns excessos de contexto sexual.

Eram sentimentos que ela não conseguia controlar e quando vinha a vontade ela não parava por nada e isso estava prejudicando umas delicadas negociações que seu pai conduzia no momento. Eu havia evidenciado o problema de perto, no beco lá fora.
Algumas pessoas não conseguem ter controle total de seus sentimentos e emoções. Ela não conseguia controlar emoções, apenas se deixava levar por elas e isso pode acarretar situações bem estranhas.
Ela tinha sorte de ter pessoas protetoras à sua volta.
A luz do dia estava começando a aparecer quando saí de lá. No caminho do hotel decidi que tinha que deixar Veneza hoje, reduzindo minha estada em dois dias. Algo me dizia que a presença do pai dela não iria ser agradável.
Eles pertencem a um mundo totalmente diferente do meu e me forçar nele por causa de sexo não seria esperto da minha parte.
Passei pela estação de trem, consultei os horários e havia um que ia pra Milão e partia às 11h55min da manhã. Comprei a passagem. Eu podia pernoitar em Milão e pegar o trem que cruza os Alpes pela manhã, em direção à Alemanha e então ir até Paris.
Cheguei ao hotel, tomei um longo banho, fiz as malas e desci para tomar o café da manhã.
Às 11h30min já estava na estação. Exatamente às 11h55min o trem partiu.
Eu não estava fugindo dela, apenas de um estilo de vida ao qual eu não pertencia e das complicações que isso poderia me acarretar.
Nina, uma doce e complicada jovem, a minha garota James Bond.


Fim.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Veneza - 1ª Parte

Portão de Ferro.

É começo da tarde em Veneza. Estou sentado a uma mesa em um restaurante, tomando o café da tarde, saboreando uns doces locais. Algumas pessoas, envolvidas em conversas, estão nas mesas próximas da minha.
No fundo do restaurante há uma mulher, sentada a uma mesa, também tomando seu café da tarde, sua cabeça encostada na parede atrás dela. Ela é linda e não aparenta ser italiana. Ela tem uma aparência nórdica, com cabelos louros bem claros, cortados curtos, num estilo moderno.
Notei que ela deu umas duas olhadas na minha direção.
A mulher pode ser bem discreta ao observar pessoas, mas são bem astutas. Elas parecem estar distantes em seus pensamentos, mas basta um rápido olhar para conseguir saber tudo que querem do que lhes chamou à atenção.
Eu estava acabando meu café quando ela levantou-se e veio em direção à frente do restaurante. Ela usava um vestido estampado, bem justo em seu corpo, chegando à metade da altura de suas coxas, destacando suas longas e bem torneadas pernas. Ela passou bem perto de mim, quase me tocando e deixou cair um guardanapo no chão, aos meus pés e saiu. Eu peguei o guardanapo do chão, curioso. Tinha a marca de seus lábios, em batom. Eu me levantei rapidamente e fui a seu encalço.
Lá fora, não consegui achá-la, na rua que ladeia o Grande Canal, que estava cheia de pedestres. Desisti e fui em direção ao hotel em que me hospedara perto do terminal de trens. Foi aí que a vi novamente, indo em direção à ponte perto da estação. Eu comecei a andar mais rápido, para não perdê-la de vista. Cruzei a ponte rapidamente e a vi entrando em uma das ruelas que serpenteiam pelas residências. Eu estava tentando acompanhá-la, mas ela ainda estava distante.
Agora, a ruela chegou a uma pequena ponte que levava a outra parte da cidade. Estava fora dos caminhos habituais por onde os turistas circulam.
A ponte me levou a outra rua mais estreita que terminou em uma ponte menor à esquerda e o caminho a uma residência, à direita. Ela fazia borda com o canal apertado, entre as casas. Estava escuro, nas sombras da luz do fim de tarde.
Quando eu virei a esquina do prédio, ela tinha ido para uma entrada escura, com uma pilastra para o lado do canal, longe da vista dos passantes. Minha curiosidade fora atiçada. Discretamente procurei um lugar que pudesse ter uma visão melhor do que ela fazia, mas sem me expor. O portal de uma das casas na viela me deu o perfeito ponto de observação.
O que eu iria ver era inacreditável e extremamente excitante.
Ela havia subido sua saia e estava se tocando de uma forma bem erótica. Ela apoiou seu corpo contra a pilastra e uma de suas mãos se apoiava no portão de ferro ao seu lado. Ela estava fora de si, sua cabeça se movendo para trás, sua face tinha uma expressão de puro êxtase. Ela continuou por algum tempo. Eu não estava conseguindo me conter, de tão excitado que estava com o que se apresentava à minha frente, mas não podia interromper aquela cena. Quando ela chegou ao seu ponto máximo, suas pernas quase cederam e ela teve que se segurar ao portão. Após um tempo ela arrumou sua roupa e saiu do seu esconderijo. Eu estava em pé, à sua vista e ela não pode evitar me ver.
Ela andou em minha direção, parou em frente a mim, colocou seus dedos em minha boca. Eu chupei aqueles dedos molhados do seu sexo com grande paixão. Ela me olhou com um sorriso bem sexy e perguntou: - Você gosta do que provou?
Eu não tinha palavras a dizer. Peguei-a em meus braços e a beijei. Um longo, gostoso e doce beijo.
Após isso ela me pegou pela mão e disse: - Vem comigo.
Eu não pude dizer não.

Continua ...

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O início do seu futuro - 3ª Parte - Final

O quarto dos meus sonhos.

Eu peguei a sua mão e ela me levou para o quarto. Era espaçoso e ocupava a maior parte do pequeno apartamento.
Tinha uma enorme cama, um armário e uma penteadeira antiga, com espelhos e uma superfície de mármore onde se podiam ver uns vidros de perfume e itens decorativos de porcelana, completando a aparência de um passado distante.
O quarto tinha uma estranha iluminação azul, a qual eu não conseguia descobrir a fonte. Ela nos envolvia totalmente.
Ela me beijou novamente e começou a me despir bem lentamente. Tudo que ela fazia era suave e carinhoso. Ela desejava amor, mas não estava se apressando, saboreava cada momento que tinha.
Ela ia me despindo e, ao mesmo tempo, me dando suaves beijos pelo corpo. De tão suaves que eram, pareciam uma pena tocando a minha pele e aquilo estava me causando um imenso prazer.
Finalmente nos deitamos e o que se seguiu foi a relação amorosa mais impressionante da minha vida. Eu fui envolvido pelos seus braços, por todo seu corpo e pela luz azul. Estava tudo em volta de nós. Eu flutuava num ar azul, sendo amado por uma linda mulher e desejava que tudo isso nunca terminasse.
Seu corpo era tão suave e macio que minhas mãos afundavam em sua pele. Ao nos abraçarmos, nossos corpos se uniam em um único campo de energia sexual, brilhando forte além do azul dominante.
Cada movimento que fazíamos cortava o ar, como se fosse feito de gelatina azul. Éramos parte dele. O quarto inteiro se tornara um único organismo totalmente devotado ao ato sexual. Pulsava conosco. Gemia e gritava com a gente. O eco de nossos prazeres ondulava na matéria que nos envolvia.
Éramos um todo, movendo lentamente, o que fez o ato sexual mais impressionante ainda, envolvidos por um espesso e fluorescente mar azul.
Finalmente repousamos na cama, esgotados, nossos corpos enroscados em um abraço amoroso. Caímos no sono naquele mar azul.
Sonhei estar flutuando no oceano, sendo carregado por ela. Nossa cama tinha se tornado num barco, os lençóis eram as velas. Peixes de todas as cores saltavam à nossa volta, no azul que ainda nos envolvia. Não havia sinal de terra em nenhuma direção.
De repente, o mar começou a ficar revolto. Uma enorme onda caiu sobre o barco e viramos. Estávamos afundando. Quanto mais afundávamos, mais escuro o azul se tornava. Eu me esforcei pra voltar à superfície. Eu nadava em sua direção naquela mistura gelatinosa e já esgotado, finalmente a alcancei e procurei respirar, com grande esforço.
Encontrei-me sentado em minha cama, olhei em volta e vi meu quarto. Não havia ninguém comigo. Tudo não passara de um estranho sonho.
Fui à janela e a abri, deixando o ar frio entrar, me despertando completamente.
Era cedo. Tomei um banho e saí para tomar o café da manhã numa cafeteria perto de casa, ainda tentando entender tudo que acontecera naquele sonho. Tinha sido tão real.
Após o café, resolvi dar um passeio no parque.
Estava quase vazio.
Entrei por um caminho entre as árvores. Ventava. Uma folha de papel passou por mim, carregada pelo vento e pousou pouco à frente, no caminho. Eu olhei para ela sem acreditar. O vento tornou a carregá-la no ar. Eu disse para mim mesmo: “Não, desta vez não.” Me desviei e peguei outro caminho, deixando aquele para trás.
À distância, uma linda jovem observava tudo e com um triste sorriso no rosto, deu as costas e foi embora em outra direção.

Fim.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O início do seu futuro - 2ª Parte

 A visão

Era uma tarde fria. Trazia lembranças de casa, uma pequena cidade do interior, deixada para trás há pouco tempo, para tentar uma vida nova na cidade grande.
Aquele parque a lembrava das florestas perto da fazenda onde crescera. Ela costumava caminhar entre as árvores, brincando com as folhas secas que cobriam o chão.
Em dias de vento ela costumava sentar-se junto às árvores, escrevendo notas em pedaços de papel e os soltava pelo ar, imaginando para onde o vento os levaria e se alguém iria encontrar alguma dessas notas.
Foi quando ela o viu andando pelo caminho de terra. Em um momento ele parou e olhou em volta. Sem saber por que ela se escondeu, sem querer que ele a visse. Quando ele voltou a caminhar, ela procurou em sua bolsa um papel. Achou o panfleto do lugar onde trabalhava, pegou uma caneta e escreveu uma nota na parte de trás do anúncio, dizendo: “Este é o começo do seu futuro,” sem ter ideia, exatamente, o porquê de ter escrito aquilo. Ela achou tolo e amassou o papel para jogá-lo fora quando um vento forte começou a soprar. Rapidamente ela desdobrou o papel e o deixou seguir com o vento. O panfleto passou por ele e parou um pouco a sua frente. Ela notou que ele saiu correndo atrás do panfleto sendo levado pelo forte vento. Ela nunca soube se alguém havia corrido atrás das notas que soltava, lá onde morava. Com um sorriso no rosto, ela virou-se e foi em direção ao seu trabalho.
Ela estava servindo as mesas no fundo do bar quando a porta se abriu e um homem entrou, olhou em volta e foi em direção do bar, pediu uma cerveja e se acomodou em uma mesa num canto. Ela o observava beber a cerveja aos poucos, percebendo cada movimento que ele fazia. Era o homem do parque e tinha em sua mão o papel que ela jogara ao vento. Ela estava surpresa e incrédula. Rapidamente se recuperou e foi em direção a sua mesa e olhando firmemente em seus olhos, ela disse:
- Eu não pensei que fosse capaz de te trazer aqui.
Ele olhava para ela, como que tentando achar palavras para aquele momento, sem conseguir.
-Eu ainda tenho 3 horas de trabalho. Encontre-me lá fora quando eu sair, e voltou a seus afazeres no bar.
O tempo passou, ele bebeu mais algumas cervejas e viu que ela tinha trocado a roupa de trabalho e estava indo embora. Ele se levantou e saiu a seu encontro.
Ela estava esperando na esquina e assim que ele chegou, ela agarrou um de seus braços e começaram a andar.
Ela virou-se para ele dizendo: - Meu nome é Molly e o destino me trouxe você. Estou cansada de passar as noites sozinha.
– Esta noite ficaremos juntos, e dizendo isso ela apertou seu braço mais junto dela, num gesto de afeto.
Ela não ouviu nenhuma reclamação dele..
-Meu nome é Will, ele completou.
Eles andaram algumas quadras, em silencio. Uma compreensão invisível os atraia um para o outro.
A solidão encontrara seu par.
Chegaram ao apartamento dela em um dos muitos prédios antigos da vizinhança. Quando entraram no apartamento, ela fechou a porta, o abraçou com um beijo passional e foi em direção do quarto.
Era um pequeno apartamento com uma cozinha espaçosa, uma pia dupla, uma mesa, e uma antiga banheira de ferro esmaltada, muito comum em prédios antigos assim.

Seu devaneio foi quebrado por ela, aparecendo à porta do quarto, nua, estendendo a mão para ele.
Ela era jovem, bonita, sensual, solitária e com fome de amor, assim como ele.
Ele deixou seu casaco para trás e foi em direção de seus amorosos braços.

Continua...