segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O início do seu futuro.

O panfleto.

Era uma tarde de outono. Eu andava em uma das vielas de terra batida, com pedrinhas soltas e folhas secas espalhadas no caminho cercado de árvores, mudando suas cores para a temporada que iniciara. A leve brisa as fazia dançarem com seus galhos movendo-se em uma coreografia encantada. A um ponto senti uma presença. Parei, olhei em volta, mas não vi ninguém. O parque estava vazio; o tempo frio afastara as pessoas e eu gostava disso. Sentia-me como se estivesse andando no interior, em um bosque. Continuei minha caminhada.
De repente, uma rajada de vento levantou a poeira e as folhas secas do chão. Uma folha de papel passou por mim e parou um pouco à minha frente, no caminho. Eu me movi rapidamente para pegá-la, mas o vento novamente a levou, desafiando minha agilidade. Eu corri atrás daquela folha de papel com uma curiosidade intensa. Ela seguiu voando pelo caminho entre as árvores até chegar a uma clareira onde um redemoinho a elevou no ar e a deixou flutuar levemente de volta ao chão, pousando ao pé de uma árvore.
Eu corri até lá e peguei o papel com certa ansiedade, motivado por uma inexplicável curiosidade que não me era normal.
Era um panfleto de propaganda de um bar.
Havia algo escrito na parte de trás, em letras trêmulas, como se fosse escrito às pressas. A frase dizia:
“Este é o começo do seu futuro.”
Eu não sou de me impressionar fácil por situações intrigantes, mas esta era certamente bem fora do comum.
Olhei à volta e não vi ninguém. De onde teria vindo este panfleto? Só pelo papel, eu teria jogado fora em uma lixeira do parque, mas aquela frase era intrigante, quase assombrosa. Resolvi ir até o bar do endereço e ver o que havia lá.
O bar ficava numa vizinhança antiga, lá embaixo, no lado leste da cidade.
Entrei. Era um bar com iluminação fraca, cheio de fumaça de cigarros dos poucos que ali frequentavam e que dava um toque nostálgico ao lugar, como se fosse tirado de um antigo filme em preto e branco.
Fui até o balcão, pedi uma cerveja e me alojei em uma mesa em um canto, bebericando e absorvendo o clima do ambiente que me envolvia.
De repente, uma jovem mulher chega à minha mesa e diz:
- Eu não pensei que fosse ser capaz de te trazer aqui.
Eu fiquei parado, sem palavras, olhando aqueles olhos escuros que me encaravam, tentando compreender o significado do que ela acabara de me dizer.

Continua ...