quinta-feira, 8 de julho de 2010

A morte do escriba

Era uma vez, numa terra distante, em um mundo qualquer. O escriba trilhava suas linhas, falando da vida, da sorte, do amor. As palavras fluíam de seus pensamentos e enchiam as páginas dos livros que tanto deleitavam o povo. A escrita era seu alimento.
Ele era uma pessoa saudável, forte e gorducha, de bochechas rosadas e sempre alegre e sorrindo ia escrevendo suas palavras.
O tempo foi passando, novas gerações nascendo e o homem aos poucos envelhecendo.
Notou-se que a cada geração, mais magro ia ficando, sem saber-se a razão do porque assim acontecia.  Seria a idade, seria doença?
Os anos se passavam e o pobre homem aos poucos definhava. Já não escrevia tanto, seus livros empilhavam. A cada geração que passava, ele tinha menos leitores. As tentações da vida moderna, a comunicação condensada, siglas em vez de palavras, a cada geração as palavras encurtadas, o que ele escrevia já não dava pra nada.
Um dia o encontraram rosto caído sobre o papel, pena na mão e poucas palavras escritas, que diziam –Toda minha vida me alimentei das suas leituras. O tempo foi levando meus leitores aos poucos. Já não me alimento mais, pois ninguém quer saber de ler. Aqui minhas últimas palavras, esqueceram do saber.

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